domingo, 16 de dezembro de 2007

História da Fortaleza de São José da Ponta Grossa

Portugal e Espanha entre os séculos XVI e XVII disputavam a supremacia territorial no Sul da América do Sul. A Colônia de Sacramento, que se localiza na foz do Rio da Prata (Uruguai), foi fundada pelos Portugueses, um local estratégico para controle do comércio de ouro, prata e gado. Para os espanhóis tal ação foi considerada uma invasão dos limites impostos pelo Tratado de Tordesilhas. O tratado dividia entre os dois países as terras do novo Mundo. Eles reagiram e retomaram a Colônia. Em função das batalhas pela posse das terras os portugueses montaram uma estratégia que lhes desse segurança no sul das novas terras. Iniciaram o processo de fortificação na Ilha de Santa Catarina, lugar propício devido a sua posição estratégica no Sul do Brasil, já que suas baías constituíam verdadeiros portos naturais. Em 1739, o Brigadeiro José da Silva Paes aportou em Nossa Senhora do Desterro para organizar o sistema defensivo. Adotaram a estratégia de “triângulo de fogo” para proteger a entrada da Baía Norte. Escolheram os seguintes pontos: o morro da Ponta Grossa (bem à esquerda de Jurerê Internacional, onde hoje fica o Forte São José da Ponta Grossa), a Ilha de Anhatomirim (sede da Fortaleza de Santa Cruz) e a Ilha de Ratones Grande (local da construção da Fortaleza de Santo Antônio). Na Baía Sul que é mais estreita e tem mar agitado construíram a Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição, na Ilha de Araçatuba. Os portugueses utilizaram outra tática importante que foi a ocupação humana, quando houve o incentivo da Coroa Portuguesa e vieram os Açorianos em 1748. Em 1760 novas fortificações foram efetuadas e a região chegou a ter 11 fortes de vários tamanhos. Todo o complexo estratégico não foi o suficiente para evitar a invasão que ocorreu em fevereiro de 1777. Uma esquadra de 100 navios e 12 mil homens, comandada por Dom Pedro Cevallos, fez uma manobra que surpreendeu os portugueses. O Forte São José foi atacado por terra, já que os espanhóis desembarcaram na praia de Canasvieiras. Efetuaram a rendição dos soldados de Portugal rapidamente e tomaram conta das terras. Após o Tratado de Santo Idelfonso a ilha foi devolvida e isto levou um ano. O sistema defensivo ficou desacreditado depois que houve a invasão do Forte São José. Independente da batalha os portugueses chegaram à conclusão que a distância era muito grande e anulava a estratégia do “triângulo de fogo”. Há relatos críticos da época que os navios inimigos poderiam passar no meio da baía e não seriam atingidos, em função da distância e, também, porque os canhões que colocaram nas fortalezas já tinham mais de 200 anos. Estudos estratégicos efetuados hoje têm a teoria que a topografia e condições geográficas da Ilha a tornavam quase indefensável, essa teoria exime a culpa dos portugueses. Os fortes ficaram abandonados por décadas decompondo-se aos poucos pela ação do tempo e pelos saques. Alguns desapareceram sem deixar vestígios, como a de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa, o Forte de São Luiz e o de São Francisco Xavier. Um paciente trabalho de restauração recuperou alguns e, hoje, são pontos turísticos que contam com muitas visitas, trazendo divisas para o Estado, entre eles está o Forte de São José. A restauração começou nas últimas duas décadas, e o Forte foi recuperado de acordo com suas características originais, a restauração contou com o apoio do Grupo Habitasul. Após a recuperação, na temporada de 2000, recepcionou mais de 35 mil pessoas. Em uma de suas salas funciona uma oficina de bilro, onde pessoas do local fazem e comercializam o artesanato. Em 1995, foi inaugurada uma exposição arqueológica com utensílios de cozinha encontrados seis anos antes pela equipe do Museu da Universidade Federal de Santa Catarina. A área está sob jurisdição do Exército e é administrada pela UFSC. Texto e Fotos de Eliana Rocha Pesquisa efetuada no local com os guias turísticos.

Nenhum comentário: